sexta-feira, 12 de novembro de 2021

PAÍS DE SONHOS

 Neste tempo de pandemia em que ficamos trancados em casa, principalmente nós idosos tínhamos que procurar algo para ocupar o tempo e não se sentir tão só. E foi assim que resolvi registrar no meu blog uma letra e música que compus na minha adolescência: País de Sonhos.

Adoro escrever, escrever qualquer coisa. Meu armário é cheio de pedaços de papel com poesias e textos, escrevo por prazer e por diversão. E isto teve início na minha adolescência quando eu era aluna do ensino fundamental no colégio Nossa Senhora da Conceição na cidade de Serro.

Houve uma época, parece que foi em 1974, minha professora pediu que cada aluna fizesse uma música e as melhores seriam escolhidas para participar do Festival da Canção que seria realizado no próprio colégio. Eu sempre gostei de escrever, mas música eu não tinha experimentado. Como a professora iria avaliar e dar nota, então fiz um samba que era o forte da música brasileira.

A minha música foi escolhida para participar do Festival da Canção. Algumas colegas gostaram da minha música e pediram para apresentar junto comigo no festival.

A minha adolescência foi de um tempo de alegria em que sonhávamos com um país lindo, com igualdade para todos, onde todos poderiam ser felizes. Este sentimento de felicidade me ajudou a compor este samba.

 É uma pena que tenha ficado só na música e nos meus sonhos de adolescente o samba que fiz para o Brasil. Infelizmente, vejo hoje um país triste com tantas corrupções e desonestidades, e a esperança de um país melhor está cada vez mais distante.


PAÍS DE SONHOS

É um país de sonhos com céu todo azul.

País de gente risonha de norte a sul.


É... É meu Brasil embalado, sorrindo e cantando deixando a tristeza de lado.(bis)


Faço questão de toda gente cantar, sou brasileira você também é,

Com toda esta gente cantando não vou deixar o meu Brasil ir dá no pé.

Por que?


É... É meu Brasil embalado, sorrindo e cantando deixando a tristeza de lado. (bis)

Autoria: letra e música de Antônia Coelho ( ano de 1974)

sábado, 6 de novembro de 2021

UM CAPÍTULO DA HISTÓRIA DO SERRO

 Este capítulo se refere a criação de um orfanato na cidade de Serro-MG pelas freiras vicentinas. Alguns historiadores já falaram sobre este orfanato, mas o que vou contar aqui talvez seja inédito, pouquíssimas pessoas viveram esta história.

A construção deste orfanato teve início no século XIX, localizado na descida da ladeira da igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição bem próximo ao bairro da Práia. Era uma casa de freiras que tinha o objetivo de acolher meninas órfãs. Ali as meninas tinham o lar, a alimentação e os estudos. Ali as meninas aprendiam também atividades domésticas como cozinhar, lavar, tecer, costurar, cuidar da horta. As moças que saíam do orfanato para casar eram prendadas e bem educadas.

Após alguns anos, o orfanato foi transformado em colégio Nossa Senhora da Conceição e passou a receber  meninas ricas da cidade de Serro, de cidades vizinhas e até mesmo de outros estados e funcionava também como internato. As moças eram trazidas pelos pais das fazendas e de outras cidades. Estes pais pagavam o internato para suas filhas que só voltavam para casa nas férias escolares. E tornou-se um colégio famoso pela sua boa qualidade de ensino. Após alguns anos o antigo colégio foi transferido para uma nova construção na parte de cima da cidade, próxima à igreja de Santa Rita. 

O novo Colégio Nossa Senhora da Conceição não deixou de receber as meninas pobres e órfãs, só que em menor número porque o internato acolheu um grande número de moças que vinham de toda parte do país. As poucas órfãs que foram acolhidas podiam estudar e trabalhavam para pagar os seus estudos. As vezes era um trabalho muito pesado para a idade de algumas que eram ainda menores. As meninas pobres e órfãs eram responsáveis por quase toda a limpeza do colégio que contava com poucos funcionários. As órfãs trabalhavam na lavanderia cuidando das roupas das alunas internas, cuidavam da horta e dos jardins. 

A época que eu me lembro bem foi na década de 70 porque eu também fui acolhida como órfã para estudar e trabalhar e tinha apenas 12 anos de idade. No meu caso eu voltava para casa somente para dormir. Saía cedinho de casa para o colégio todos os dias, estudava no horário da manhã e trabalhava toda a tarde no colégio. Meus estudos de casa e preparação para as provas aconteciam sempre à noite com o auxílio de velas ou lamparinas porque em meu bairro não havia energia elétrica. Eu não tinha férias escolares, passava todas as férias trabalhando no colégio durante todo o dia. Além dos meus estudos de formação e do trabalho de limpeza no colégio eu aprendi também a costurar, tecer, bordar e fazia trabalhos de artesanato nas férias escolares. Nesta época já haviam mais funcionários de carteira assinada no colégio, mas o prédio era enorme e eles não davam conta de todo o trabalho, por isso as freiras precisavam contar com o trabalho das meninas órfãs até mesmo nas férias.

A parte triste da história é que as meninas pobres e órfãs até a década de 70 realizavam um trabalho muito pesado porque o colégio era muito grande e as centenas de alunas internas às vezes não cooperavam com a limpeza. As órfãs ainda sofriam humilhações de moças ricas e de algumas freiras que pareciam não ter vocação, eram totalmente desumanas e não tinham o menor respeito pelas meninas pobres. Eu tinha plena consciência de que meu estudo era bem pago com o meu trabalho e a recompensa era saber que poderia realizar o meu sonho de me formar no magistério.

 No final da década de 70 começou a mudar algumas regras referentes a bolsas de estudos no colégio. As freiras começaram a distribuir bolsas do proprio colégio com descontos nas mensalidades para as alunas que se dispunham a doar uma hora por dia com a limpeza nas salas de aula, mas era um trabalho mais leve e estas alunas terminavam rapidinho a limpeza da sala de aula e voltavam para casa, era um trabalho com duração de apenas uma hora, bem diferente do trabalho das órfãs. Mesmo assim, muitas desistiam desses descontos nas mensalidades porque sentiam humilhadas fazendo este tipo de trabalho no mesmo ambiente das alunas pobres e órfãs. Geralmente, eram aquelas "filhinhas de papai" que queriam o desconto nas mensalidades, mas não queriam mostrar o rosto e nem se ajuntar com as meninas pobres.

Triste mesmo era na hora do lanche das 15:00 horas das alunas do internato. As meninas pobres não podiam aproximar do refeitório, não tínhamos lanche e quando a fome apertava e os braços já não suportavam o trabalho árduo da faxina, vinha uma ajudante da cozinha e de serviços gerais trazendo às escondidas um capitão de feijão com arroz e farinha fechado nas mãos pra matar a nossa fome. Esta ajudante de cozinha e de serviços gerais foi acolhida com suas filhas no colégio. Ela trabalhava com carteira assinada e suas duas filhas trabalhavam junto com as órfãs para terem também a formação. Era uma senhora muito bondosa, todos a admiravam muito, era muito atenciosa e foi muitas vezes a nossa conselheira e a mãe que tínhamos no colégio.

Agora eu vou contar um caso um pouco engraçado que acontecia sempre no final das férias. Os dormitórios das alunas ricas do internato ficavam fechados durante as férias e quando faltava uma semana  para terminar as férias íamos limpar os dormitórios para que as alunas pudessem encontrar tudo limpo. Ao abrir a porta deparávamos com um festival de pulgas subindo nos nossos pés e nas nossas roupas, ficávamos assustadas e gritávamos pelos corredores. As freiras vinham bravas saber o que estava acontecendo e depois nos entregava um pacote de inseticida, um pó branco conhecido como BHC para jogar nos dormitórios e matar as pulgas. Ficávamos como estivéssemos saído de dentro de um saco de trigo, não sei como não morríamos intoxicadas pelo veneno. E tinha um detalhe, a freira responsável pela limpeza mandava sacudir a poeira de inseticida na roupa porque o banho ia ser tomado somente no final do dia após terminar todo o trabalho. Lavávamos o rosto, as mãos e  os pés numa torneira no jardim até chegar a hora do banho e muitas vezes tínhamos tontura e dor de cabeça pelo excesso do produto na roupa e na pele.

No final da década de 70, enquanto as órfãs trabalhavam sem cessar até nas férias, algumas alunas ricas da cidade estudavam de bolsas do próprio colégio com descontos nas mensalidades e ninguém sabia, ficava às escondidas. Parentes e sobrinhas de freiras e de padres também estudavam gratuitamente. Até que um dia, chegou uma nova diretora para o colégio, esta freira era mais justa e fez uma reunião com as alunas bolsistas no salão do colégio, entre elas haviam moças de famílias ricas e tradicionais da cidade, o salão ficou lotado de bolsistas. Neste dia pude concluir que as meninas órfãs e meninas pobres trabalhavam também para ajudar a pagar a mensalidade das meninas ricas. Famílias serranas ricas que poderiam contribuir com bolsas de estudos para meninas pobres estavam recebendo ajuda do colégio. Mas, as freiras não estavam sendo enganadas, elas tinham plena consciência do que faziam, só não sei explicar o motivo desta atitude das freiras. E fica uma interrogação: as freiras que se diziam Filhas da Caridade ajudando os ricos e explorando as meninas pobres?

Concluí a minha formação no ano de 1978 e esta questão de descontos para famílias ricas da cidade permaneceu até o ano de 1999. A partir do ano 2000 eu não tive mais contato com o colégio porque saí da cidade para acompanhar meus filhos nos estudos e depois tive a triste notícia de que o colégio havia encerrado as suas atividades e transferido para uma cooperativa de professores da cidade.

A questão de descontos nas mensalidades para famílias ricas do Serro talvez explica o motivo que o colégio Nossa Senhora da Conceição foi obrigado a encerrar as suas atividades, talvez tenha falido. As freiras foram transferidas para outras cidades. O que restou do colégio foram apenas lembranças de um ensino de qualidade, mas também lembranças tristes daquelas meninas pobres e órfãs que experimentaram na pele o trabalho pesado e muitas vezes a humilhação para conseguir uma formação. Não podemos negar que a cidade de Serro perdeu muito os seus valores educacionais com o fechamento do colégio das freiras. 

Eu tenho boas recordações de meu tempo de colégio, de minhas professoras e colegas. E tenho também recordações tristes do sofrimento que passei para conseguir me formar; um estudo pago com o suor de meu rosto, com um trabalho quase escravo onde muitas vezes tivemos de esconder debaixo do porão do colégio  porque os fiscais do trabalho chegavam sem avisar e as freiras nos escondiam dos fiscais. Só quem passou por isso sabe o quanto sofria uma aluna pobre e órfã no colégio do Serro.

Hoje, vejo como foi bom ter suportado tudo isso, tive uma carreira linda de professora, amei a minha profissão e desempenhei com amor e responsabilidade o magistério. Cumpri bem o meu dever e tenho o prêmio de minha aposentadoria.

Aprendi que a vida não é feita só de flores, no meio do caminho os espinhos nos dá uma lição para que possamos colher os frutos futuros.

Que este capítulo da história do Serro sirva de exemplo para muitos jovens que pensam ganhar tudo de mãos beijadas, sem luta e sem trabalho. Hoje, graças a lei não é permitido o trabalho escravo, nem a exploração de menores, mas que os jovens de famílias pobres tenham consciência de que é preciso lutar com honestidade para chegar ao futuro almejado. Só tem valor aquilo que adquirimos com o suor de nossos esforços. 

Eu sofri o peso do trabalho e muitas vezes a discriminação de algumas freiras desumanas, mas eu venci e fui vitoriosa!

 Agradeço a Deus, que me deu a sua mão poderosa e me ajudou a caminhar!

Agradeço ao meu pai, que mesmo falecido me deixou o exemplo de lutar com honestidade pelo meu futuro.

Agradeço aquelas freiras que passaram pelo colégio do Serro e foram educadoras exemplares, pacientes e bondosas para com todas as alunas, independente de classe social, aquelas que foram verdadeiras Filhas da Caridade.

Sou feliz pela conquista, sou  grata às pessoas que de alguma forma me ajudaram, que Deus recompense a todos que contribuíram para que meninas pobres e órfãs pudessem realizar os seus sonhos.

Deixo nos comentários um link de vídeo de um historiador serrano explicando sobre a construção deste orfanato em Serro-MG.



Fotografias do antigo e do novo Colégio Nossa Senhora da Conceição em Serro-MG, retiradas da intenet.



sábado, 2 de outubro de 2021

A FÉ NA PALMA DA MÃO

 

O meu Deus não é um deus vazio, invisível e nem imaginário.

Meu Deus não é um deus que fala com só com alguns privilegiados.

Deus é aquele que sopra onde quer e aos quatro cantos do mundo.

Meu Deus é aquele que fala com quem quer ouvir a sua voz, seu eco é profundo.

Meu Deus é aquele que tem Vida, tem Corpo e tem Espírito!

Meu Deus é amor e proteção, é cura e libertação!

Meu Deus é o começo, meio e fim, é infinito, é unção!

Meu Deus se faz presente no coração dos pequeninos, dos fracos, pobres e peregrinos.

Meu Deus não precisa de igreja banhada em ouro, nem de basílica para se hospedar.

Meu Deus precisa de um altar humilde, de um sacerdote humilde em qualquer lugar.

Meu Deus se faz grande e poderoso numa pequena hóstia e quer um coração para morar.

Meu Deus cabe na palma de minha mão, para adorar e comungar!

Autora: Antonia Coelho 




quinta-feira, 10 de junho de 2021

MISTÉRIO DE 50 ANOS: PARTE DA HISTÓRIA DE BH É DEVOLVIDA À IGREJA DO CARMO

 FONTE: https://noticiasefatos.com.br/geral/misterio-de-50-anos-parte-da-historia-de-bh-e-devolvida-a-igreja-do-carmo/?unapproved=28&moderation-hash=1ded6847d37fcdba74b41373c749177f#comment-28


Balaustrada reintegrada ao conjunto arquietetônico do templo tem duas peças, com comprimento total de 15 metros. Se destinava até a década de 1960 a acolher os fiéis que, de joelhos, recebiam a comunhão(foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)
Balaustrada reintegrada ao conjunto arquietetônico do templo tem duas peças, com comprimento total de 15 metros. Se destinava até a década de 1960 a acolher os fiéis que, de joelhos, recebiam a comunhão (foto: Alexandre Guzanshe/EM/DA Press)

Esta história demorou mais de 50 anos para ser contada e, quando vem à tona no mês em que se lembra o mistério da eucaristia, na figura da celebração de corpus chrtisti, ganha o tom da comunhão com o patrimônio, do respeito à religiosidade e da consciência na preservação da memória de Belo Horizonte. Está de volta ao interior da Igreja Nossa Senhora do Carmo, no Bairro Carmo, na Região Centro-Sul da capital, uma balaustrada em duas peças esculpida em mármore de Carrara e destinada, até o fim da década de 1960, aos fiéis que se ajoelhavam para receber a hóstia das mãos dos freis carmelitas, nas missas.

Durante cinco décadas, a chamada mesa de comunhão, medindo 15 metros de comprimento por 35 centímetros de largura e 80cm de altura, ficou na casa de “um devoto de Nossa Senhora do Carmo, um paroquiano que cuidou dela como um guardião”, afirma o prior do Convento do Carmo e pároco da igreja, frei Evaldo Xavier Gomes.

“Ficamos muito felizes, pois a mesa faz parte da nossa igreja. O mármore é de Carrara, mas ela foi esculpida em BH, pela mesma pessoa responsável pelo altar. Devemos enaltecer a consciência religiosa e o ato de valorização do patrimônio, pois a mesa poderia ter sido destruída, quebrada, enfim, podia ter desaparecido”, diz frei Evaldo. Após tantos anos, a peça foi restaurada, o que exigiu quase um mês de trabalho e uma semana para instalação.

O guardião foi um homem, que faleceu, já muito idoso, no ano passado. “Ao me entregar a mesa, ele contou que, em 1969, durante uma obra no templo do qual era vizinho, a peça foi retirada e descartada, de forma a não voltar mais ao local de origem. Temeroso de que algo pudesse ocorrer, como a danificação do mármore, o homem propôs a compra, levando-a para sua casa”, conta o frei.

Sobre o porquê de a devolução só ter ocorrido tanto tempo depois, o líder religioso se limita a reproduzir as palavras ouvidas do guardião: “Agora, que a Virgem do Carmo voltou a reinar em sua igreja, quero que volte para a casa dela”. Frei Evaldo prefere não se manifestar a respeito das palavras, apenas garante que, com o ato, os belo-horizontinos têm de volta um bem de relevância.

Houve mudanças na dinâmica da distribuição da comunhão a partir do Concílio Vaticano II (1962-1965), quando as mesas saíram de cena, mas frei Evaldo conta que a balaustrada complementa a concepção original da nave, por ser um elemento arquitetônico próprio da Igreja do Carmo. E agora integra um histórico de devoluções espontâneas de peças do patrimônio de Minas, que tem um dos acervos culturais mais ricos do país (veja o quadro).

História

Vindos de São Paulo e comandados pelo frei holandês Atanásio Maatman, os carmelitas chegaram a Belo Horizonte no fim da década de 1930 para fundar uma igreja de grandes dimensões. Na época, a região, que muita gente chama hoje de Carmo-Sion, tinha o nome de Acaba Mundo, pois se imaginava que a cidade terminava ali. De início, os frades ergueram um templo pequeno e provisório, de alvenaria, voltado para a Rua Grão Mogol.

Mais tarde, quando Juscelino Kubitschek (1902-1976) era prefeito de Belo Horizonte e começava a abrir a antiga rodovia BR-3 (atual BR-040), ligando BH ao Rio de Janeiro, frei Inocêncio Gerritsjans, então dirigindo a ordem na capital, decidiu fazer a frente voltada para o trecho da estrada que se tornaria a Avenida Nossa Senhora do Carmo.

Para conseguir o dinheiro, frei Inocêncio circulava pela Cidade Jardim, considerado então “o bairro das famílias ricas de BH”. Há registro de que entrava em festas, ao final tocava piano e acabava conseguindo adesões. Era comum ainda ver outros religiosos pelas ruas, batendo de porta em porta atrás dos recursos necessários para a obra. O templo se encontra em processo de tombamento pelo Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte.


domingo, 21 de março de 2021

AS SETE DORES DA MÃE DE JESUS E A DORES DE MUITAS MARIAS


A semana Santa inicia com as sete dores de Nossa Senhora.

A primeira dor, quando Maria apresentou seu filho Jesus ao templo e o velho Simeão profetizou o sofrimento que ela iria passar. “Uma espada de dor vai transpassar seu coração”.

A Segunda dor, Maria fugiu para o Egito na tentativa de livrar o seu filho da perseguição de Herodes.

A terceira dor, a angústia de Maria ao perder o seu filho Jesus no templo. Ela não sabia que o seu Menino estava no templo ensinando aos doutores da lei.

A quarta dor, Maria sentiu a amargura de ver seu filho Jesus com a pesada cruz nas costas.

A quinta dor, Maria viu seu filho Jesus inocente agonizando numa cruz entre dois ladrões.

A sexta dor, Maria recebeu seu filho Jesus morto nos braços ao pé da cruz.

A sétima dor, Maria derramou lágrimas ao ver o seu único filho descendo numa sepultura.

Hoje muitas Marias sentem dores e derramam lágrimas pelos seus filhos...

A mãe que olha para o berço e vê o seu filho chorando com fome e falta o alimento em casa.

A mãe que sepulta seu filho por doença grave ou porque não teve assistência médica.

A mãe que sonha com um futuro brilhante para seu filho, mas o vê no mundo das drogas.

A mãe que vê seu filho pagando por um crime que não cometeu.

A mãe que vê seu filho sendo perseguido numa sociedade corrupta por ele ser honesto, esta é a maior dor!

A mãe que cria e educa seu filho sozinha por uma paternidade irresponsável.  

A mãe que ajoelha diante da cruz de Jesus pedindo a cura de um câncer na família.

A mãe que vê o seu filho sendo bombardeado por causa de uma guerra.

A mãe que vê o seu filho ainda criança sendo executado em tiroteio.

A mãe sem teto que se vê obrigada a criar o seu filho nas ruas.

A mãe que precisa mendigar para não ver seu filho morrer de fome.

A mãe que espera dos tribunais uma justiça que nunca virá porque a lei foi corrompida.

Enfim, a mãe que chega à velhice rezando para o seu filho e para os filhos de outras mães que sofrem com a miséria, a guerra, a perseguição de homens corruptos e com a falta de fé de muitas Marias que não se espelham na Mãe de Jesus.

Se nos colocarmos nas mãos de Jesus e no colo de nossa Mãe Santíssima as nossas dores ficarão mais leves.

Sintam nesta Semana Santa o amparo da Mãe de Jesus que sofreu todas as dores e teve a alegria da ressurreição.

Mães, sintam-se abraçadas por Jesus e por Maria! Fé, força e esperança na Cruz e a alegria da Ressurreição!

Antônia Coelho







sábado, 13 de março de 2021

CRISTÃ COM PÉS NO CHÃO


Não sou cristã de asas, quem tem asas é anjo!

Sou cristã com pés no chão, vejo o mundo terminando em miséria espiritual.

Vejo debaixo de meus olhos igrejas fora do caminho de Deus.

Padres, pastores e fiéis, todos seguindo uma teologia ensinada pelos homens.

Teologia que diz que todos se salvam porque o céu é para todos.

Que adoram um “deus” contrário àquele que Maria Santíssima trouxe ao mundo.

Que vende terreno no céu, que pisa no sangue de inocentes sem temor.

Que é conivente com riqueza fácil, riqueza que vem do crime e de vidas ceifadas.

Sou cristã com pés no chão... Passar continhas nos dedos e pedir misericórdia?

Não adianta passar continhas do terço se você não se converter.

Se não deixar de ser conivente com um mundo criminoso, se não lutar pela Justiça.

Se não descer do salto, aproximar dos humildes e seguir os puros de coração.

Sou cristã com pés no chão... Vejo o mundo perdido, sem a misericórdia de Deus.

As pessoas deixaram o caminho de Deus para aventurar em caminhos do pecado.

O joio aumentou tanto que não dá para separá-lo do trigo.

Deus olha para o seu sangue derramado na cruz e chora.

As igrejas se transformaram em palanques políticos, empresas e clubinhos de amigos.

Nas igrejas Deus é esquecido e vendido, é acolhido quem coloca maior dízimo.

A Eucaristia que é Corpo e Sangue de Jesus foi banalizada...

Uma rede católica de televisão chegou de ensinar a fazer docinho de hóstia.

Danças, crenças, festas, lendas e músicas populares substituíram a liturgia nas paróquias.

E numa paróquia de Belo Horizonte, Deus foi substituído até por um “avatar”.

Se o homem tomou o lugar de Deus, então o mundo não precisa mais de Deus.

Deus não olha mais para este mundo ingrato, a misericórdia é para poucos.

Muitos serão julgados e jogados no inferno, poucos terão a misericórdia.

Não basta vestir uma capa da caridade e mostrar uma carteirinha de cristão.

Deus vê tudo, sabe tudo, a Deus ninguém engana.

Sou cristã com pés no chão... Podem me odiar, podem zombar de mim, nada me atinge.

Tenho um Deus e uma Mãe que me ama porque não sou conivente com erros deste mundo.

A minha maior alegria é saber que Deus abrirá no céu as portas que o mundo fechou para mim.

E não esqueçam de que a pandemia é só o começo do fim dos tempos, coisas piores virão!


Autora: Antônia Coelho