A Irmã Antônia dirigiu-se a comunidade católica reunida para a liturgia em homengagem a Nossa Senhora do Carmo e sua Profissão com palavras simples, mas que tocou os corações de quem estava presente, pois, lembrou dos 245 anos da Ordem Terceira do Carmo em Serro.
Salve Maria!
Estou aqui mais uma vez
como carmelita consagrada pelo Cônego Jolly, e venho professar nesta Missa
diante de Jesus e Maria a minha devoção que não iniciou aqui no ano de 2009,
mas em Diamantina no ano de 2001, época em que a nossa conterrânea Sra. Vanda
era priora na Ordem Terceira do Carmo e me acolheu juntamente com o meu filho.
Foi em Diamantina que
recebi a Regra do Carmo e fui formada pelo nosso Irmão Sr. Geraldo Dacilo, com
ele aprendi tudo o que sei sobre a Ordem do Carmo e procuro vivenciar a minha
devoção e o meu amor pela Mãe da Igreja, a minha obediência ao Papa, ao nosso
Arcebispo Dom João Bosco, aos sacerdotes desta Arquidiocese, e em especial o
meu respeito e a minha obediência ao sacerdote que me acolheu e me consagrou
aqui em Serro, o Cônego Jolly, a ele as minhas orações.
Assim como eu, os
demais membros do Sodalício da Ordem Terceira do Carmo em Serro não foram
consagrados por Frade Carmelita, pois os sacerdotes que atendem a nossa cidade são diocesanos. Mas temos consideração e carinho pelos Frades Carmelitas que nos instruem através da Regra e cursos de formação, rezemos por eles
que precisam neste momento de nossas orações. Mas a nossa obediência dentro da Igreja
aqui em Serro deve ser com os nossos padres da Arquidiocese de Diamantina, e em especial ao
Cônego Jolly que é o atual Diretor espiritual do Sodalício da Ordem Terceira de Serro. O nosso respeito e o nosso carinho também pelo Cônego Manuel Quitério e Cônego José Gabriel que de alguma maneira nos
ajudam a trilhar o caminho certo.
Este ano em Belo Horizonte, o Frei
Evaldo Xavier Gomes conseguiu reerguer a Ordem Terceira do Carmo que estava
fechada há quarenta anos, três noviças receberam o Hábito: Marlene Elise,
Angelina e Angela Ferreira, isto é uma alegria muito grande para a nossa
Igreja e principalmente para a Família Carmelitana.
Ser
carmelita não é somente vestir um Hábito e usar o escapulário, mas ter fé, seguir
as leis da Igreja, ouvir missas, confessar, comungar, rezar o terço e praticar
a caridade. É também missão do carmelita denunciar as injustiças sociais e
testemunhar a Igreja de Cristo. E gostaria que o Sodalício da Ordem Terceira do
Carmo de Serro procurasse observar junto comigo as palavras do Papa Francisco em sua homilia
da Missa na Capela de Santa Marta, no dia 16 de maio de 2013, em Roma. Ele
disse: “Existem os cristãos de salão, aqueles “educados” que se alegram com sua
cadeira na sacristia, que não são filhos da Igreja com o anúncio e fervor. Aqueles que não tem coragem de “agitar as
coisas já acomodadas” e os cristãos “mornos” que não querem se empenhar.” O Papa Francisco alertou para o zelo
apostólico e disse: “ o zelo apostólico tem algo de louco, mas uma loucura
espiritual, salutar. E o apóstolo Paulo
tinha esta loucura. O apóstolo Paulo foi
perseguido, mas nunca se desanimou. “Ele olhava ao Senhor e ia adiante”. O Papa Francisco explicou ainda que outra
tendência do “espírito mundano” é a de não tolerar o testemunho. Sabemos que as
vezes quem testemunha a favor da Igreja de Cristo é perseguido. Segundo o Papa
Francisco, o seguimento de Cristo não pode ser motivado por interesses pessoais
ou materiais. Ele concluiu que “o zelo apostólico não é entusiasmo pelo poder,
pelo possuir, é algo que vem de dentro, que o próprio Deus quer de nós, do
conhecimento de Jesus Cristo e do nosso encontro pessoal com Ele.”
Nestas palavras do Papa
Francisco vejo em síntese a Regra da Ordem Terceira do Carmo. Nós carmelitas
precisamos ficar alertas, porque a Regra reza o “Silêncio”. Mas este silêncio
da Regra não é se calar, mas silenciar dentro de nosso coração para podermos
ouvir o barulho do lado de fora e profetizar. A missão carmelita é profética!
Nós, carmelitas serranos precisamos acolher mais católicos na Ordem Terceira. Na época de nossas mães e avós o Sodalício contava
com um grande número de carmelitas. Nas festas de Nossa Senhora do Carmo aqui em Serro haviam novena, liturgias, mastro e procissão, há alguns anos se resumiu em tríduo e procissão, hoje apenas uma liturgia. Precisamos empenhar mais na festa de Nossa Mãe do Carmelo.
Estou aqui
hoje como carmelita serrana, para professar em obediência ao Cônego Jolly e à Regra do Carmo manifestando a minha devoção a Nossa Senhora. A
minha profissão pode não ser da vontade de todas as pessoas porque nem Jesus
agradou a todos neste mundo, mas é com toda certeza da vontade de Deus que
conhece o meu coração. Cabe aqui uma passagem bíblica dos Atos dos Apóstolos,
capítulo 5 que diz o seguinte: Se a obra for de homens será destruída, mas se a
obra for de Deus, ninguém conseguirá destruí-la. Apesar de não residir mais em
Serro, o meu coração e a minha devoção a Maria continuam aqui. A Igreja de Serro
é meu berço, onde fui batizada, fiz a Primeira Eucaristia, crismei e me casei.
Foi aqui que meus filhos foram batizados e receberam Jesus pela primeira vez na
Eucaristia. Aqui eu fui professora por quase 25 anos e evangelizei os meus
alunos em sala de aula, aqui eu fui catequista e preparei muitas crianças para
a primeira Eucaristia. E foi aqui em Serro que tive um berço carmelitano, onde
minha bisavó Maria Claretice de Souza foi priora em 1925, tenho fotos antigas
de minha bisavó nas procissões de Nossa Senhora do Carmo demonstrando sua verdadeira fé.
Eu sei que o Cônego Jolly nunca duvidou de
minha honestidade e de minha idoneidade dentro e fora da Igreja. A minha vida é
um livro aberto, portanto, não deixo dúvida da pessoa que fui e que sou aqui em
Serro e em todas as outras cidades por onde eu passei. Atualmente moro em Belo Horizonte, mas o
Bispo Auxiliar de Belo Horizonte, Dom João Justino de Medeiros e o Frei Evaldo me conhecem e
sabem das minhas intenções para com a nossa Igreja, Hoje eu estou aqui para professar na Ordem
Terceira do Carmo de Serro porque me considero digna desta missão. E quero
estar aqui nesta mesma data todos os anos para louvar a Mãe do Carmelo, não
podemos deixar acabar em nossa cidade uma devoção de 245 anos. Todos os anos os
serranos fazem a linda festa da Nossa Mãe do Rosário. Por que não podemos fazer
também a festa da Nossa Mãe do Carmelo? As duas festas sempre existiram aqui em
Serro e nenhuma atrapalhou a outra. Que o Sodalício da Ordem Terceira do Carmo
reflita sobre isto, Nossa Senhora merece!
Agora vamos dar início
a liturgia em homenagem a Nossa Senhora do Carmo pedindo a Ela e a Jesus muita luz
e proteção para o nosso Papa Francisco e Bento XVI, pelos nossos padres, nossos
bispos, pelos Frades e Irmãos Carmelitas e por todas as pessoas presentes
aqui nesta missa. Rezemos também pelos nossos irmãos falecidos.
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